Esta página será especialmente dedicada a três pessoas que aos poucos fortaleceram laços de amizade, graças a este Mundo Poético Virtual.

A escrita desta autora de uma certa forma me fascina , por ser uma livre forma de poetar...onde o poema fluí ganha asas e tem o seu livre voar .

Como disse, antes , adoro esta liberdade de expressão...e sendo assim tomei  a liberdade de Duetar com esta grande senhora e amiga Poetisa "Augusta Franco"

A nós vieram se juntar os também grandes amigos "Joaquim Sustelo"( Poemas )

Jorge Peres"( Texto )

Espero que esta leitura ganhe asas e se a dentre em cada um de vós .

Comentário:_Cecília Rodrigues

 

 

hoje
não sou capaz
de transformar
em palavras
o que sinto
tudo o que pudesse
escrever
era baço
era escasso
para um desejo
extinto
talvez seja
o verbo sofrer
não minto
uma flor a morrer
um copo
de absinto
poção
para esquecer
quando as palavras
quebradas
se espalham pelo chão
cá dentro
guardada
ficou a espada
ou fragmentos
da ilusão...
e o absinto
que invade
os pensamentos
não é um verde licor
não apaga o que sinto
não transforma a dor...

mas tudo o que escrevo
será sempre
por amor...

Augusta Franco ( ludus )

 



Hoje
não sei o que dizer
minhas palavras
tem sabor
de amargor
de sofrer

Hoje
queria escrever
sobre o amor
sem dor
ao amanhecer

Hoje
meu poema tem que ser
não de bronze
mas de ouro
ou de prata
em vez de ferro

Hoje
meu poema é pelouro
defende a prata e o ouro
de cada palavra dita
pela caneta do poeta
e a semente destes versos
vai germinar um tesouro
nos jardins mais dispersos

Hoje
meu poema é jardim onde brotam as sementes...

Cecília Rodrigues

 

hoje
vou escrever
em azul
transparências
sobre transparências
o mais puro
grito
cristal frio
quase exato
pássaro azul
tão longe
e tão perto
dentro de nós
esse deserto
sonho
ou devaneio
caminho certo
para o outro lado
do espelho


hoje
vou escrever
em azul
do dia
da noite
alternância
da vida
viagem prometida
para o infinito


hoje
em azul...medito
Augusta Franco (ludus )

sempre
 escrevo em azul
porque é cor do céu
ou será porque sou eu?


não sei bem
de que cor serei
se da dor...ou do amor...
em que errei?


sempre
escrevo em azul
porquê? nem sei!
azul, mar, céu
um véu
sobre o rosto encoberto
neste mundo deserto
de valores
só de odores
entopem o nariz
de gente
que se diz feliz


sempre
escrevo em azul
na esperança
que tudo mude de cor
e o amor
seja o véu
encobrindo rostos
sem desgostos
em azul


sempre
escrevo em azul
os meus versos
controversos
e o meu giz
azul de anil
escreve azul
num quadro negro
em dias de sol
ofuscado
por nuvens grassas
num céu azul


sempre escrevo em azul...
na folha branca de meus dias conturbados.


Cecília Rodrigues


 

tinha uma história
escrita
sobre a palavra
amar
não era minha
nem tua
era para dar
e o amor
nunca é desdita
só se alguém deixar....

mas a palavra
ficou sem graça
e não sei
se estes olhos
de veludo
a traça
já os roeu
a boca
era figo maduro
que de tanto esperar
apodreceu


nas mãos
mora agora
uma pena
que não escreve
chora
e é mais negra
que o breu

Augusta franco ( ludus )


tinha um amor guardado

era para ser sempre meu

num cofre fechado

deixei-o escapar um sábado



nas linhas deste caderno

ganhou asas voou

e o que era para ser eterno

morreu à nascença

agora nem a tua presença

me deixa feliz!

Tenho um amor guardado para sempre na ponta de meu giz.


Cecília Rodrigues


..mas eu não o soube guardar...

era uma vez
ha´muitos anos
uns olhos verdes
e uns olhos castanhos...

era verde
o teu olhar
tinha algas
e sereias
nele podia
ouvir o mar
tinha todos os sonhos
do mundo
e a flor da juventude
a brilhar
tinha amor
e versos
escritos da areia
palavras para brincar
beijos dispersos
dunas douradas
tempo sem tempo
para namorar...

era verde
o teu olhar

era castanho
o meu olhar
de peixes cegos
das profundezas
abismo fundo
rocha dura
de incertezas
boca pura
receio de amar...

era verde
o teu olhar
mas eu ...não o soube guardar

Augusta Franco ( ludus )




Andava à procura...

 de quem me abraçasse.
de um ombro amigo para chorar
de um sorriso para me alegrar
de um cofre para as dores guardar

Andava à procura...

 de bálsamo para minhas dores
de um refúgio que me desse guarida
de um sol que iluminasse minha vida
de um absinto que curasse minha ferida

Andava à procura...

 de flores para enfeitar o Mundo
de um canto de um afago para aquele menino
de um manto para quem sofre no destino
de asas soltas levar pra longe todo o desatino

Andava à procura ...

de um quadro para o poeta
todo enfeitado de contornos de alegria
de uma tela para desenhar minha fantasia
de mil cores para escrever minha poesia

 

Neste quadro que assim se completa

comem-se palavras como pão de cada dia

semeiam-se versos em searas repletas

de prosa e versos  em toques de magia

Cecília Rodrigues
18/03/06

ando à procura
não sei de quem
não sei de quê
hoje
não é palavra
nem letra
a folha branca
nem se vê...

ando à procura
não sei de quem
não sei de quê
fio para uma sutura
ou talvez um bisturi
ando á procura
daquele dia
em que morri...

e não sei se cosa a ferida
tão fechada que abri
a culpa não foi minha
não foi assim
que eu quis...
andarei à procura
de um lugar
para ser feliz
mas a busca
não tem fim...

talvez ande à procura
somente de mim...

(em resposta ao poema da Cecília "andava á procura")

Augusta franco ( Ludus)

liga-me a escrita
linha corrida
corda sentida
pena bendita
pena maldita
tantos laços tem a vida...
faço e desfaço
as palavras aqui
liga-me a escrita
de qualquer maneira
a ti...
fina teia
de linha e cor
ou só meia
letra sem favor
fio de seda
a palavra
que permeia
o teu sentir
e o meu...
um verso
que não minta
que simplesmente
nasceu...
não sei se a tinta
é de ternura
ou de ilusão
mas encontro
as palavras todas
escritas no coração

ludus
(ainda um pouco sob o Signo do dia da Poesia...)


De: JoaquimSustelo
"não sei se a tinta
é de ternura
ou de ilusão
mas encontro
as palavras todas
escritas no coração"

Lindíssimo! Parabéns. Posso "brincar?"

Não sei se a tinta
eu a confundo...
queres que a sinta?
Está cá no fundo...
E está à espera
ou à procura
é de ternura
ou de ilusão?
Mas a encontro
está lá no ponto
já tenho dó
até tem pó...
triste sem bodas
quieta, muda
as palavras todas
por lá não estão
já lhe fugiram
essas malditas
e estão é escritas
no coração.

Joaquim Sustelo 

este lugar
de onde escrevo
nem sempre entendo
se é dentro
ou fora de mim
véus de silêncio
e um compêndio
letras de um livro
guardado por um querubim
este lugar
de onde escrevo
podia ser flor
podia ser jardim
oiço um murmúrio
distante e ja´sem cor
minha pele nua
a cheirar a jasmim
raiz de infortúnio
quando o amor
se consome até ao fim
este lugar
de onde escrevo
podia ser rochedo
podia ser o mar
mas cedo percebo
que é um inferno celular
uma luta entre dentes
guerra sem precedentes
e não sei que mitoses
vão ganhar
este lugar
de onde escrevo
é um segredo
mesmo para mim
o que procuro?
saber o fim?
uma resposta?
um futuro?
nunca me senti assim...

este lugar
de onde escrevo
mete-me medo
mas escreverei...até ao fim.

ludus

De: Jorge Peres

Bom dia Ludus

As vezes, sem causa aparente, ou como dizem os nossos
vizinhos espanhóis, porque sí, vemos e sentimos
a verdade do mundo que nos rodeia, ou por uma visão
do género aparição ou pelo aroma de um jardim ou de
uma flor, ou da maresia com os seus rochedos e abismos
como se nos chegasse trazido pelo vento incolor
como murmúrio distante, sem métodos para o prever,
sem métodos para o entender, sem métodos para o travar e deter,
e sendo assim Ludus, nada mais há que fazer do que realmente
continuar a escrever, pois é inútil resistir ao medo, como o é...
ao vento.
Obrigado pelo momento.

Bem haja
Até sempre

Jorge Peres

De: Cecília


esta ideia
me atravessa a vida
faço nela minha estaca
seguro a ponta
na saída


sigo pela estrada
persigo a ideia
mas não tem fim
a estrada é comprida


sigo enfrente
enleada pelo estigma
pé firme
no caminho
que persisto
não desisto
da minha estaca
ponto de partida
determinada
não abro mão
da minha espada

tem um nome
abençoado
idolatrado
e uma aureola dourada
é o amor confeccionado
em tons de símbolo
profissão de guia
do viajante na estrada
desta vida impregnada
de obstáculos
de sebes rochosas

preciso voltar a minha estaca
e olhar o futuro incerto
de um lado seguro.

Cecília Rodrigues


todas as palavras
quando escritas
são palavras de papel
quando ditas
são mais concretas
ás vezes setas
perdem-se
e encontram-se
em ilhas desertas
defrontam-se
com obstinação
nós e o espaço
que nos limita
talvez abraço
talvez prisão
somos o palco
para a sua actuação
todas as palavras
quando escritas
são caminhos vivos
da imaginação
talvez pontes
ou só fitas
rastos de tinta
entre margens aflitas
presas na nossa mão
todas as palavras
quando escritas
podem ser desilusão
todas as máscaras
são bonitas
mas nem sempre são
o que são

A.Franco_ludus


De: Joaquim Sustelo


Todas as palavras
quando são escritas
podem ser bonitas
como as que tu lavras.

Joaquim Sustelo

 

De: Cecilia

 
Todas as palavras
quando escritas
são palavras de razão
quando fitas
o papel logo ditas
a voz do teu coração


todas as palavras
quando lavras o leito branco
com a pena na tua mão
deixam rosas
no caminho da ilusão
e os olhos que fitam
as palavras quando ditas
são sorrisos
caindo da tua mão

todas as palavras quando escritas,
e pelo poeta são ditas, tem o som de uma canção.


Cecília Rodrigues
 

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