Chegou o inverno...
E no céu coberto de nuvens choronas
Há uma dança singela de folhas mortas
Papéis rasgados da cor das azeitonas
Tudo que o vento achou fora
de portas.
Eu sei que é tempo de temporais...
E que o frio nos beija a pele molhada
Mas é inverno...não peçam mais...
Que a natureza anda triste e
revoltada.
Por entre invernos...
Tinha ciprestes no caminho da escola
Tinha o pensamento virado para o céu
E no natal nunca me deram uma bola
Só a esperança que ainda não morreu.
Eu que nunca temi o fogo do inferno
Que nunca me afastei com minha cruz
Cresci na ilusão de ser vate moderno
E já não sei onde verei um raio de
luz.
Mas neste inverno...
Farei uma lareira no chão da
felicidade
Para aquecer teu coração amargurado
Deixo em tua boca o beijo da verdade
E vou pela rua cantando o nosso fado.
Nas caleiras da minha alma a
ironia...
Escorrendo embriagada de medronho
E no degelo farei montes de poesia
Que será tua quando findar o sonho.
F. Corte Real
Barronhos,16 de novembro de 2006