Amizades...  cultivadas, na beleza da vida...são flores plantadas, no jardim do coração...São pétalas que no peito tem guarida...E cabem na palma da minha mão..
Cecília Rodrigues
 
É com muita alegria e prazer que vos apresento esta autora , que nos facultou alguns de seus textos ( poemas ) que fazem parte de um seu livro já editado...Obrigada MYRIAN pelo carinho e por dar a conhecer ao Mundo este seu trabalho...e por passar a fazer parte desta família em Poesia _ Cecy & Poemas _
 
 
 

Arranquei Máscaras

Arranquei máscaras
me despi
lentamente
me entreguei
ofereci minha alma
meus pensamentos
foi difícil
dolorido esta entrega
e você me rejeitou.
Talvez seja um sinal
que máscaras devem existir
pois protegem toda a dor
protege o meu ser.
Durante séculos me tranquei
e quando quis amar
quando percebi que podia
amar
você delicadamente colocou
a minha máscara de volta.

Quantas máscaras terei que vestir, para esconder meus sentimentos?

Máscaras de papéis?

Pinturas, de porcelanas?

Máscaras que pintam a alma?

Máscaras que pintam o rosto?

Qual delas estarei vestindo?

Qual delas preciso mais?

Se me cubro, te magôo.

Se me dispo, me magôo.

Se seus olhos atravessam os meus olhos

E meu rosto continuar impassível,

Você saberá qual máscara estarei usando,

Mas, se uma lágrima cair,

A máscara que uso não é a da alma.

Myrian Benatti

 

 

TELHADOS

 

Quando entristeço

Olho através da janela

Vejo telhados marrons,

Apenas telhados

De todos os tipos e tamanhos

Vejo heras,

Subindo pelas paredes nuas

Como se agarrassem a vida

De tal forma

Como se dependesse dela.

Vejo a cidade,

Vejo o horizonte,

O verde das fazendas

A relva, os pastos.

As árvores, os animais.


Dependendo da minha imaginação,

Vejo um pé de manga cheio de frutas,

Vejo nuvens tão brancas, formando desenhos,

Que me perco entre elas, brinco,

Que cada imagem engole a outra.

Quando percebo, olho ao redor,

Não sei onde deixei a minha tristeza,

Devo ter deixado em algum canto da memória,

Porque depois de tanta beleza,

Eu só consigo ter paz.

Myrian Benatti

 

 

TE VI NUM BAR

 

Te vi num bar, na beira da praia,

Oscilando com o copo de um uísque barato,

Digno de seu estado.

Te vi num bar, de cara suja,

Desarrumado, olhos inchados.

Cabelos despenteados.
Te vi num bar, entre guerras

A sua guerra, sua necessidade.
Procurando a verdade.

Te vi num bar, outro uísque

Uma lágrima, várias mágoas.

Com sentido, sem sorriso.

Te vi num bar, de pileque.

Amuado, sem sentido, sem sorriso.
Te vi num bar, na beira da praia

A olhar o nada, a andar no vácuo
a dançar um tango, a chorar num canto.
Te vi na beira da praia, a olhar o bar,

A sentir a brisa, cortando seu rosto.

Espalhando seu cheiro, de uísque barato.

Te vi na praia, te vi no bar.
Te vi em cada canto.
Como se fosse um espelho da minha alma.

Myrian Benatti




CONTO DE NATAL

 


Quando eu era criança, eu acreditava em papai Noel, pedia presentes normais, nada impossíveis.
Porque dentro dos meus sonhos, mesmo sendo sonhos eles eram limitados.
Um belo dia viajando com meus pais para passar as férias de natal na casa de uns parentes, olhei para o fundo do carro junto com as malas, lá estava todos os nossos presentes, será que o papai Noel tinha se adiantado?
A cara de tristeza de meu pai e a bronca de minha mãe me fez perceber que eu fizera algo errado,tinha descoberto o segredo deles.
Foi nesse dia que descobri que papai Noel não existia, que papai Noel era meus pais, eu devia ter uns dez anos.
Decepção?
Tristeza?
Senti-me traída?
Não me lembro, quem mandou eu ser curiosa, quem mandou eu não esperar o tempo certo?
Mas este é o meu maior defeito, não o pior, mas o maior.
Sou curiosa, desconfiada, sempre com um pé atrás.
Perdi a magia?
Na época sim.
Todos os anos eu e minhas irmãs fuçávamos os cantos e guarda roupa a procura dos presentes, lembra que minha mãe dizia que era o papai Noel que trazia os presentes, que ele havia trazido antes porque sabia que íamos viajar, mas não adiantava, a magia se fora.
Você cresce , amadurece, esquece e adormece.
Um belo dia você acorda e começa a acreditar em magia, no espírito do natal.
Por que isso?
Porque você quer acreditar.
Porque você aprende a confiar.
Porque você se apaixona.
Porque você entende o significado do velhinho barbudo, alegre, gentil.
Porque ele não lhe traz só presente, mas lhe trazem lembranças, lembranças de felicidades, lembranças de infância.
E também fica a pergunta para você que está lendo este texto:
__ porque o espírito de natal, do papai Noel está presente em você?

MYRIAN BENATTI



 

Certas Dores


Certas dores só se sentem quando o coração se parte.
Meu coração está partido pela dor de tê-la magoado.
Um dia pensei em fazer um poema a você,

Mas não sabia nem por onde começar,
Sempre lhe achei forte demais, grande demais.
Não caberia em qualquer poesia, poema ou prosa.

Você tem o poder da força de uma leoa,
A delicadeza de um passarinho pousando numa flor.
A paciência de um monge para seus discípulos.
Como falar de amor para você?

Não sei.
Hoje seria difícil, mas meu coração sabe,
O seu também sabe que um dia isso vai passar.
Não adianta as minhas lágrimas caírem.

Não hoje que estou sofrendo, por ter te magoado tanto.
Mas sei que você sabe que te amo.
Claro que isso não vai fazer você me perdoar hoje,
Mas um dia quem sabe.


Myrian Benatti

 

Estes poemas fazem parte do livro Fragmentos da alma

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Imagem de fundo enviada pela autora _  formatada por Cecília Rodrigues