CONTRASTE NORDESTINO - Poema Matuto

 

Retrato de cena triste;

a macambira queimando,

gado faminto, isperando,

inquanto a sêca persiste.

O sertanejo risiste,

a essa crué tortura.

Da cacimba qui êle fura,

a água é pôca e saigada,

e a fome é só inganada,

cum macássa e rapadura.

 

É essa, môço, a paisage,

do interiô nordestino, 

pois na sêca, seu minino,

água, prá nóis é mirage.

A indústria da istiage,

parece gostá do inferno.

A vida é um sofrê eterno,

vai se vivendo, é o jeito;

só se surrí sastisfeito,

quando infim, chega o inverno.

 

Sertão, carirí e agreste,

a paisage vai mudando.

Vai logo se transfóimando,

numa linda festa silvestre.

O interiô do nordeste,

literalmente é um céu.

Felicidade agrané,

num ai gimido de dô,

e o meu sertão, seu dotô,

parece um favo de mé.

 

Tem forró no chão batido,

candinhêro, lampião,

munta muié no salão,

e eu fico disinibido.

Um canto iscuro, iscundido,

onde no amô, se vai fundo.

Pinta p crima in um sigundo,

e uma muié boa da peste,

faiz meu sertão, no nordeste,

o mió lugá do mundo...

 

Bob Motta

Da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte

Da União Brasileira de Trovadores-UBT-RN

Do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte

 

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NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE...-Poema Matuto

 

Assa noite, seu dotô,

meu coração tava aberto,

e a sodade, alí, pru perto,

no meu peito, imburacô.

Chorei munto, sim sinhô,

porém, parei de repente.

Butei uma idéia na mente,

prá matá essa danada,

e vô dá uma viajada,

NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE.

 

Vô fazê uma revisão,

na minha motocicreta,

prumode pegá a reta,

da caatinga do sertão.

Abraçá o meu povão,

meus amigo, minha gente,

vê canturia, repente,

vô brincá, vô fazê tróça,

vô prá Maiáda de Roça,

NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE.

 

Zé Ógusto, meu irmão,

paricêro qui Deus me deu,

vai de carona mais eu,

levando seu violão.

Vô chegá de supetão,

sastisfeito e surridente.

E p'ro meu povão carente,

de curtura populá,

nóis dois vai se apresentá,

NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE.

 

Prá donde eu sô cidadão,

minha amada Boa Vista,

vô rodá, cumendo pista,

vê Genilson, meu irmão.

No Bar de Sebastião,

eu vô decramá contente.

Pego a moto, novamente,

novamente, pé na istrada,

in procura da Maiáda,

NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE.

 

Lá na Maiáda, ao chegá,

eu sô mutivo de briga,

entre ais pessoas amiga,

qui tudíin qué me hospedá.

Prá aquelas banda de lá,

sô gente daquela gente.

E sô fruto da semente,

qui lá, eu prantei, de amô,

qui êles vão revê, dotô,

NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE.

 

Prá o qui eu quero revê,

um fim de sumana é pôco.

Dei caríin; e amô é o trôco,

qui eu sei, vô arrecebê.

Lá vô passá, pode crê,

uma sumana deferente.

Vô pagá munta aguardente,

p'ruis matuto, amigos meus,

que são presente de Deus,

NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE.

 

Vô levando meu poema,

canturia e violão.

Prá ajuntá, no meu sertão,

cum o canto da sariema.

Sertão, meu eterno tema,

do danô-se, vôte, ôxente,

da bela istrêla cadente,

qui de noite, a gente vê,

vô me incrontá cum você,

NO ÔTO SÁBO PRÁ FRENTE...

 

Natal,RN, 01 de outubro de 2006

Autor: Bob Motta

Da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte.

Da União Brasileira de Trovadores-UBT-RN.

Do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

Da Associação dos Poetas Populares do Estado do Rio Grande do Norte.

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Direitos de autor reservados e registados

 

 

Imagem retirada do Google _ Formatada por Cecília

Música : _ Pedaço de poema _ Bruno e Marrone

 

 

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