Mozart 1756-1791

A SONATA DE MOZART

 

Jota Há

 

Complementando o título eu diria:

A Sonata de Mozart e O Mundo dos Homens

Ao ouvir estas doces notas de uma Sonata de Mozart,

pareço mergulhar num sonho, que já não é mais sonho.

Talvez muito mais que isto.

É quase que inacreditável, mas é a realidade:

juntamente com esta Sonata, soam as cascatas,

desabrocham flores, brilham os sois na imensidão infinita,

os pássaros constroem ninhos, os seres se proliferam no fundo do mar,

voam as gaivotas e caminham os astros em sua evolução infinita,

tudo num canto, numa sinfonia doce e profunda,

melodiosa como tudo o que é superior.

Música dos deuses chamaria.

Em compensação.

E juntamente ainda com essa Sonata,

como num sonho mau,

os homens apodrecem em prostíbulos,

sempre afeitos à prostituição,

bordel, taberna, botequim, cabarés, cassinos e aos carteados,

sem sol, sem luz, sem as vibrações sonoras da música

e da natureza que nos falam outras falas,

de uma eternidade e infinito longínquos.

Todos continuam – ou quase todos – continuam vazios e nulos,

bebendo, fumando, comendo,

e elas: pintando-se por todos os lados e se empencando de jóias,

explorando uns aos outros, tudo numa inutilidade sem fim,

para um nada, para um escuro, para um fim,

que ninguém sabe qual seja ou será.

Todos estão mortos.

Triste morte esta, desses que nunca provaram à vida.

Vida comunicada pela Sonata de Mozart,

pela Natureza, pela quietude e pelo silêncio,

pela dor consciente e pelo amor.

Vida que é plenitude, que é luz, intensa atividade, paz e harmonia,

enfim, expressão da própria vida.

Jota Há

 

 

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