Sento-me à beira do mar, escondida num grão de
areia, e aguardo a chegada da Lua.
Vejo chegar águias prateadas que abrem as
portas invisíveis do desconhecido, onde cavaleiros montados em
cavalos marinhos, guardam as chaves de todos os mistérios.
Convidam-me a entrar e cobrem-me de mantos azuis salpicados de
alvoradas vermelhas, como as cores dos sonhos ainda por
sonhar.
Esperavam-me num palco enfeitado com as flores
do meu perfume e com a lua a moldar-me as formas inicio um
ritual de fogo onde o ontem dá lugar ao hoje, como se uma nova
estrela nascesse no firmamento.
Com pequenas luas nos olhos fito as colinas
sobre o mar e desvendo os fios azulados que se desprendem das
raízes das árvores e me ligam à água. Uma voz puríssima
resgata então de mim as dores e os prantos, revelando-me os
segredos que nunca decifrei.
Quando me libertam do encantamento da lua,
encontro o meu destino escrito em grãos de areia e finalmente
sou levada a acreditar que talvez tenha chegado o tempo de não
o deixar escapar.
Mar
(Teresa MT)
Junho
2007
Todos
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